Simepetro - Sindicato Interestadual das Indústrias Misturadoras, Envasilhadoras de Produtos Derivados de Petróleo
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Manguinhos quer deixar disputa com Petrobras e virar “refinaria butique” – 17/01/11
 
O Estado de S. Paulo
Kelly Lima
Passando por uma reestruturação financeira desde 2008, a Refinaria de Manguinhos – a única privada do país – vem sendo preparada para se transformar numa “refinaria butique”. Diesel e gasolina deixarão de ser os derivados fundamentais para serem substituídos por produtos de maior valor agregado.
É o caso, por exemplo, de um tipo específico de gás usado nos sprays aerossóis. O País importa hoje entre 12 mil a 15 mil toneladas por ano da Argentina deste tipo de propelente. “Podemos ocupar esse mercado com facilidade”, garante o vice-presidente industrial da refinaria, André Luiz Anton de Souza, um dos mentores do reposicionamento estratégico da empresa.
A ideia, segundo ele, é atacar nichos em que a Petrobrás não tem interesse por terem escala reduzida. Tudo isso para não competir com o monopólio da estatal, repetindo erros do passado, quando Manguinhos praticamente quebrou financeiramente por não conseguir concorrer no mercado nacional com os combustíveis oferecidos pela Petrobrás a um custo menor do que similares internacionais.
Egresso da própria Petrobrás, Anton discorre sobre a variedade de produtos a que a unidade pretende se dedicar como um vendedor que apresenta seu extenso catálogo. “Temos solvente sem cheiro para ser colocado nas tintas para pintar parede, temos um tipo muito específico de lubrificante para sondas de perfuração de áreas do petróleo. É um vasto mercado a ser explorado”, afirma. Para fabricar esses derivados, a empresa se associou a uma das maiores tradings atuantes no mercado mundial de combustíveis, a Astra, em busca das melhores matérias-primas cargas disponíveis.
Anton diz que a mudança no portfólio está acontecendo com a substituição de maquinário ultrapassado e ampliação de capacidade instalada. A companhia vai passar dos atuais 30 mil m³ produzidos mensalmente para 50 mil m³ mensais até o início de 2012. “Em faturamento e em volume não haverá mudança significativa. Isso só será sentido em termos de margem de lucro”, disse o vice-presidente financeiro, Carlos Henrique Lopes, da Manguinhos Participações.
Guarda-chuva. A empresa, que detém o controle da refinaria, administra ainda outras três subsidiárias sob o mesmo guarda- chuva: a unidade que produz lubrificantes em São Paulo, a distribuidora, no Rio, e a área de biodiesel, recém-criada. O conglomerado há dois anos integra o grupo Andrade Magro. Do total de R$ 2 bilhões faturados em 2010, a Manguinhos Participações representa R$ 1,3 bilhão, sendo que apenas a refinaria entra com cerca de R$ 800 milhões.
Lopes afirma que, hoje, a situação financeira da empresa está sanada. Em 2008, lembra, o grupo assumiu uma dívida de R$ 400 milhões, que foi renegociada. Hoje, apenas R$ 9 milhões ainda estão pendentes e o restante, parcelado, é pago com o fluxo de caixa da empresa.
Sobre a possibilidade de vender a unidade com a “porteira fechada” para sócios da Petrobrás no pré-sal, como tem sido comentado nos bastidores do setor, no entanto, Lopes diz apenas que “não é a intenção, mas se a oferta for boa, por que não?” Ele acredita que não haveria necessidade de desativar a o parque de refino para ampliar a capacidade de armazenamento e abrigar os interessados. “É possível desmembrar a empresa e todos conviverem tranquilamente”, diz o executivo.
Com capacidade para armazenar até um milhão de barris, a refinaria teria condições de triplicar esse volume sem alterar o parque de refino.
Hoje, segundo o mercado, a refinaria estaria avaliada em cerca de R$ 550 milhões. Para adaptar uma unidade para a dessalinização do óleo do pré-sal e obras estruturantes para ampliar a capacidade de armazenagem, seriam necessários mais R$ 150 milhões. Apesar de o mercado já comentar que as negociações já  estariam adiantadas, tanto as empresas que são sócias da Petrobrás quando os administradores de Manguinhos negam que haja algo em andamento.
De qualquer maneira, no acordo de seis meses coma Astra para realizar a comercialização de produtos no mercado internacional, coube cláusula para avaliação das melhores oportunidades para utilização da refinaria e ainda outra cláusula que estabelece uma participação da Astra em futura venda da unidade ou uma joint venture.
PARA LEMBRAR
Empresa teve Repsol como sócia até 2008
Inaugurada em 1954, a Refinaria de Manguinhos sobreviveu ao monopólio estatal, iniciado um ano antes, e é hoje a única refinaria privada de médio porte do Brasil. A outra unidade, que pertencia ao grupo Ipiranga, foi comprada em 2007 por um consórcio formado por Petrobrás, Braskem e Ultra. Manguinhos chegou a ter participação da espanhola Repsol YPF, que também era sócia da Petrobrás na Refinaria Alberto Pasqualini, mas se desfez de seus ativos brasileiros no segmento. A Repsol ficou 10 anos na empresa, até 2008. A refinaria sofreu com a política de manutenção dos preços da gasolina e do diesel pela Petrobrás e chegou a suspender a produção em 2005 para evitar maiores prejuízos com a venda de produtos abaixo do preço de custo.

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